UM HOME PRA CHAMAR DE SEU
Incrível como somos promíscuos quando se trata de trair a própria casa com uma outra moradia. Não, não é só a coisa física, a necessidade da cama e do chuveiro: tem sentimento. Basta espalhar uns papéis pela mesa, dominar a pia do banheiro com escova, pasta e desodorante, olhar em volta cinco minutos e, pronto, você já sente que rola assim uma química, sabe? No primeiro dia aqui, sem conhecer nada nem ninguém, voltei pro hotel exausto e tive essa sensação, home sweet home. Logo estranhei, que sweet o que, nem te conheço, quarto 3002, que intimidade é essa?! Tarde demais. A cortina doirada, a cadeira baixa e a mesa alta, os dois travesseiros sobressalentes que pedi na portaria para corrigir os desníveis, as pantufas atoalhadas, o frigobar e a garrafa elétrica de esquentar água, tudo aqui parece ter estado ao meu lado desde tempos remotos. Foram só onze dias, mas a relação foi intensa. Já estamos íntimos.
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