UM PAÍS NOVO RICO
Jianwei está empolgado com o crescimento e a abertura da China, mas um pouco decepcionado com os novos ricos que, se puderem, passam com seus BMWs dourados com banco de zebra por cima da arte, cultura e educação.
É evidente e indisfarçável que a China é um país de novos ricos. Vê-se no exagero de neons, na quantidade de carrões, na cortina dourada do meu quarto de hotel, no buquê de ursinhos de pelúcia (juro, um buquê com 12 ursinhos de pelúcia espetados nuns palitos) à venda nos shoppings, na quantidade de shoppings, nas mulheres do metrô que misturam jaqueta Puma com óculos Chanel e bolsa Louis Vuitton. Mas também faz parte do novo riquismo a maneira simpática de tratar todo mundo, o desejo de se enturmar com os estrangeiros, a felicidade estridente e sem culpa ou auto-censura. Perguntei a Jianwei: “escuta, cês já tão ricos há alguns anos, quando é que vocês vão ficar blasé?”. Ele riu e disse que já tinha uns endinheirados que sacaram que é chique ser mau-humorado.
Eu espero que os chineses continuem caipiras. Vai ser engraçado ver os europeus se contorcendo diante dos buquês de ursinho que inexoravelmente surgirão nas mais diversas áreas. (Segurem-se em suas poltronas Barcelona, bacanudos do mundo, porque um espectro ronda a Europa, um tsunami kitsch!). Vai ser engraçado ver os americanos, que até ontem eram da turma que bebia a lavanda e escandalizava a aristocracia decadente européia, pagando de tradicionais. Imagino que daqui uns anos rir da breguice dos chineses vai ficar na moda entre os descolados que perderam seu posto de donos do mundo.
Não tenho dúvida: se explodir uma guerra entre o Kitsch e o Blasé, me alisto no exército do Kitsch imediatamente. Darei a vida, se preciso for, para que os meladamente apaixonados buquês de ursinho prevaleçam sobre a mal humorada fuça dos donos da Kultura. Que venham os chineses!
É evidente e indisfarçável que a China é um país de novos ricos. Vê-se no exagero de neons, na quantidade de carrões, na cortina dourada do meu quarto de hotel, no buquê de ursinhos de pelúcia (juro, um buquê com 12 ursinhos de pelúcia espetados nuns palitos) à venda nos shoppings, na quantidade de shoppings, nas mulheres do metrô que misturam jaqueta Puma com óculos Chanel e bolsa Louis Vuitton. Mas também faz parte do novo riquismo a maneira simpática de tratar todo mundo, o desejo de se enturmar com os estrangeiros, a felicidade estridente e sem culpa ou auto-censura. Perguntei a Jianwei: “escuta, cês já tão ricos há alguns anos, quando é que vocês vão ficar blasé?”. Ele riu e disse que já tinha uns endinheirados que sacaram que é chique ser mau-humorado.
Eu espero que os chineses continuem caipiras. Vai ser engraçado ver os europeus se contorcendo diante dos buquês de ursinho que inexoravelmente surgirão nas mais diversas áreas. (Segurem-se em suas poltronas Barcelona, bacanudos do mundo, porque um espectro ronda a Europa, um tsunami kitsch!). Vai ser engraçado ver os americanos, que até ontem eram da turma que bebia a lavanda e escandalizava a aristocracia decadente européia, pagando de tradicionais. Imagino que daqui uns anos rir da breguice dos chineses vai ficar na moda entre os descolados que perderam seu posto de donos do mundo.
Não tenho dúvida: se explodir uma guerra entre o Kitsch e o Blasé, me alisto no exército do Kitsch imediatamente. Darei a vida, se preciso for, para que os meladamente apaixonados buquês de ursinho prevaleçam sobre a mal humorada fuça dos donos da Kultura. Que venham os chineses!
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